27 de fev. de 2011

PRESTANDO CONTA E LIGADO NA LUTA!!





O SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DE UIBAÍ através de sua diretoria esteve nesse sábado na câmara de vereadores prestando conta do ano de 2010, se posicionou acerca de vários temas pertinentes á categoria, conclamou aos recém efetivados funcionários da prefeitura a se filiarem para q com isso a categoria seja fortalecida, se solidarizou aos profissionais da área de saúde q falaram da triste situação em relação a salários e condiçoes de trabalho entre outros problemas do setor, estimulou os sindicalizados a pensarem na eleição da diretoria em maio, alertando para a questão da renovação da mesma mas com a permanencia da luta, enfim, fez tudo aquilo q um sindicato pode e deve fazer qdo não é pelego e molenga...

20 de fev. de 2011

Olho d'água: onde nossa história começou














Fotos: Apresentação do Grupo de Teatro de Boca d'água em Quixabeira durante a Feira de Saúde (organizada pel Ceu de Fêra) e fotos dos arcos de Valdemar Araujo.



“Declaro que sou possuidor de um sítio denominado Olho d’água que comprei ao Coronel Ernesto Augusto da Rocha Medrado por UM CONTO E 200 mil réis o qual sítio possui duas léguas de largura, extremando pela parte do nascente no lugar Alto Grande confrontando com o Caldeirão da Gameleira, para o poente no desaguamento [Serra Azul, grifo meu] para o sul no Alto da Crus [não confundir com o atual povoado] e para o norte no Riacho do Meio.

Olho d’água 17 de abril de 1858. À rogo de Gonçalo José dos Santos. Padre Antonio Joaquim d’Abreu” (Registros Paroquiais de Terra. Xique-Xique. Fonte: Arquivo Público da Bahia)

Gonçalo José dos Santos aproveitou a vinda do padre e assim fez a declaração de sua propriedade. Infelizmente, não diz a data de sua compra, mas sabe-se que ocorreu na década de 1840, entre 1844-47 (Canabrava-Uibaí foi comprada ao mesmo Ernesto em 26/03/1847).

Com isso, Gonçalo não precisou de “procurador” nem de se deslocar até Xique-Xique e ali à frente do padre (responsável pelo recadastramento de terras) e assim ficar “quites” com as autoridades que vinham exigindo de quem tivesse terras “legais” que as declarassem sob pena de ficarem devolutas e assim arrumar problemas naquele momento e no futuro.

Gonçalo José dos Santos ao adquirir o sítio Olho d’água se torna o primeiro morador fixo da borda norte (lado de cá) na nossa querida Serra Azul. Ele que morava no Assuruá homenageou o lugar onde vivia, o Olho d’água de Joaquim dos Santos, depois Olho d’água do Cristal, hoje desabitado, num trecho do atual Gentio do Ouro, onde viviam índios tapuias mocoazes. Gonçalo era descendente deles pelo lado da mãe (filha de uma tapuia), já seu pai, tudo indica que fosse um ex-garimpeiro branco ou mestiço que se deu bem ao aventurar pelo Assuruá no início do século XIX quando vários garimpos de ouro explodiram na linda serra de nome tupi (ASSU = grande e RUÁ = serra).

O próprio Gonçalo, nas décadas de 1830 e 1840 ainda jovem (penso que ele nasceu entre 1820 e 1824) parece ter tirado a sorte grande na aurífera serrona. O cabôco teve como esposa a “mestiça” Raimunda Pereira Rosa, filha de um senhor chamado Faustino Rosa e de uma senhora, tudo indica, irmã de Venceslau Machado, fundador de Canabrava-Uibaí.

Naquele tempo, achar ouro era sinônimo de virar “fazendeiro” ou coisa parecida. O cabôco dos Santos, como muitos assuruaenses, não teve dúvidas, comprou caro, pois um conto e 200 mil réis equivalia a 120 cabeças de gado, de 12 a 15 burros cargueiros, o “trem” de maior valor na época depois de terra e gente escravizada, alguns quilos de ouro, dois a três escravizados jovens. Riacho d’Areia em 1854 custou menos da metade e mesmo assim se fosse hoje dava para comprar uma “railux” zero. Comprou também um bom pedaço de terra que misturava serra úmida (até hoje) com caatinga (área totalmente desvalorizada no período) e do seu arenoso-pedregoso Olho d’água do Assuruá veio com a família para o novo Olho d’água, na então “virgem” e promissora Serra Azul.

Além da mulher e talvez, um ou dois filhos, gado bovino, caprino e cavalar, é possível que tenha trazido um ou dois seres humanos escravizados. Era padrão na época: garimpar, bamburrar (achar “metal” e diamante), comprar gado e escravos, porém não ficou para a história nada que demonstrasse ou sugerisse que o cabôco cujos antepassados tapuias foram escravizados e praticamente dizimados pelos “brancos” e a “mestiça” Raimunda (provável neta de negra escravizada) tenham tido tais posses. No entanto, um filho deles, Tomás se casou com um moça cafuza chamada Manoela. Essa, tenho praticamente certeza que era a “cabrinha” (como consta nos documentos) Manoela, filha de Maria, uma africana que “pertencia” a Venceslau e, ao que parece, um filho dele.

Manoela nasce “escrava”, porém já adolescente foi viver com o marido no Olho d´água (Clarisse de João Brejeiro, sua bisneta, que a conheceu, a descreveu como “morenona”, grossona, bruta e de personalidade forte). Três filhos desses cafuzos-lusados (sangue luso, tapuia e africano) Bertolino Cabôco, Eugênio e Honório fundaram o povoado de Água Clara (de Presidente Dutra), os outros (foram mais de dez) deixaram muitos descendentes que antigamente eram conhecidos como os Cabôco da Água Clara e Cabôco do Olho d’água. Curioso é que o casal Gonçalo e Raimunda só tiveram filhos homens (Nicolau, Tomás, Manoel, Pedro, José, João e talvez Francisco) e com isso o sobrenome Alves Santos ainda é disseminado em Uibaí e P. Dutra.

Olho d’água/Boca d’água hoje é o maior povoado de Uibaí (cerca de mil habitantes), lugar bonito, atraente, com invejáveis recursos naturais. Está mais do que na hora de se pensar (sobretudo seu povo) em dar um novo salto e tornar-se vila-distrito. Que tal Vila Gonçalo?

Celito Regmendes. 11 de janeiro de 2011.


Publicado em "A Indaga", número 05, ano III

Como cães e gatos


A
política de Uibaí já foi de cobras e lagartos. Farpas, brigas de rua, tiroteios, fogos de artifício em cima das casas de adversários, polícia, fórum e juiz. Tudo isso parece que ficou para trás. Não se sabe até quando, mas agora a política de Uibaí é de cães e gatos. Cães fiéis, adestrados, com uma língua de fora, sem dentes. Gatos ladinos, espertos, sorrateiros, traiçoeiros, mas sutis.
A eleição da Câmara foi isso. Os partidários mais próximos a Pedro Rocha batizam a eleição de Davi para a presidência como traição. O nome mais bonito que Dóris, por ser presidente do PT e ter se coligado com Marcão e Edson Filho para derrotar a candidatura de Tarcísio para presidente da casa, foi Judas Iscariotes. Mas como nessa história não tem nenhum Jesus e tem muitas moedas de prata, resta perguntar: por quê o racha interno no governo?
Obra de Birinha? O mesmo poderia ter soltado fogos e assumido a articulação da eleição. Afinal, seria dizer: disseram que eu acabei quando perdi o apoio de Hamilton e Armênia, pois olha aí, elegi o presidente da Câmara. Mas, ao contrário, seus partidários negam o envolvimento do mesmo na eleição. Quem mais diz que Birinha está envolvido são os seus recentes correligionários, Luís e Armênia, agora dois fiéis vereadores da base de Pedro. A eles, derrotados, desalojados da mesa diretora, interessa associar a atual presidência ao principal adversário do prefeito. Afinal, se Doris e Davi perderem espaço dentro da prefeitura, eles podem ocupar as vagas. Edson Filho, Dindo e Marcão se interessam em compor a mesa diretora por terem perdido espaço na gestão de Luís que monopolizou os recursos da Câmara e fez uma presidência autoritária, perseguindo servidores e até com os próprios vereadores da mesa. Esses três estariam interessados mais na derrota de Luís dentro da Câmara do que na vitória de Birinha fora dela.
E os Judas da história? Doris e Davi? Traíram Pedro Rocha e foram comprados por Birinha? Parece simples demais. Ninguém abandona o barco andando. Os dois primeiros anos de governo foram muito mais difíceis e muito mais propícios para um afastamento do PT. Logo agora, que o governo de Pedro está acertando, faz sentido sair? Para quê? Apoiar um grupo moribundo que agoniza na UTI? Afinal de contas, o atual prefeito tem ligação forte com 2 deputados federais, um ministro de Estado – Afonso Florence, de Morro do Chapéu, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (aquele que se elegeu com as casas populares) – dois deputados estaduais, um governador e uma presidente. E à oposição carlista, que resta? Ligações pessoais com o vice-governador, um deputado estadual e um federal, todos da base de apoio dos governos do PT.
Nos discursos, em tom de defensiva, Davi e Dóris falaram em autonomia da Câmara, elogiaram Tarcísio, elogiaram Luís – o mesmo que foi contra o projeto de lei de assistência estudantil em 2005, perseguiu servidores, mudou de bancada, um camaleão – e disseram que ajudaram o governo Pedro Rocha. Na rádio, Davi falou abertamente que Dindo, vereador da base aliada do governo do PT, propôs uma chapa e articulou a eleição. Ou seja, tivemos uma eleição em que duas chapas queriam mostrar qual era a mais governista.
Pedro Rocha ganha e perde. Ganha porque Davi e Dóris perceberam que ele está com a bola toda com o povão e que se afastar dele pode ser perigoso. Daí se colocarem a favor dele, mesmo sendo contra ele em algumas coisas. Mas o prefeito perde. Mostra que não conseguiu eleger a sua chapa para presidência, que não sabe articular bem sua base legislativa, que foi bom em enfraquecer seus adversários, mas é ruim em agradar seus apoiadores.
Davi e Dóris ganham e perdem. Ganham porque têm uma poderosa máquina na mão. Mas perdem por associarem, junto às bases governistas, seus nomes com os de Marcão e Edson Filho, vistos como fiéis escudeiros de Birinha. Ganham o apelido de traidores do prefeito. Eles, que são do mesmo grupo desde os anos 1980, viram o sonho de governo realizado se desmoronar e perderam cada vez mais espaço para Dorival, Luís e Hamilton, inimigos históricos.
Por questões internas da Câmara, Dindo, Edson e Marcão, para derrubar Luís, se aliaram contra ele. Por questões internas da prefeitura, Dóris e Davi quiseram mostrar independência frente ao autoritarismo e arrogância de Pedro Rocha e se queimaram em suas bases fazendo alianças com adversários de ontem, contra aliados de sempre. Por questões internas do partido, Dóris perde espaço no PT uibaiense e vai dever explicações ao partido estadual por que não votou numa chapa presidida pelo PT e sim numa do PDT. Por questões de sobrevida política, Armênia, Dorim, ops, Viviane e Luís se mostraram fiéis a Pedro Rocha e, se perderem espaço dentro da Câmara, vão querer compensar dentro da prefeitura. Por questões internas nas bases petistas, Tarcísio se fortalece, não mais por ser crítico, amigo da verdade, inimigo da corrupção e incorruptível, mas por ser fiel, leal, mesmo com a certeza da derrota.

13 de fev. de 2011

"Da luta não me retiro"


Tivemos uns dias de "férias". Limpamos a casa, reagrupamos o povo, recomeçamos o trabalho. Sempre combinando o "otimismo da vontade" com o "pessimismo da inteligência".
Circulamos em Uibaí a nova (número 5) edição impressa do informativo A Indaga. Publicaremos paulatinamente as matérias do mesmo.
Aguardamos sugestões, críticas e contribuições dos nossos leitores para que 2011 seja mais democrático, mais plural, mais solidário e menos ignorante.
"Só a experiência é capaz de corrigir e de abrir novos caminhos" Rosa Luxemburgo (1871-1918)