Poucas vezes Uibaí teve uma situação política tão peculiar. Vivemos um período de unidade das forças políticas que se reflete no município. No plano nacional, a hegemonia PT-PMDB e o sucesso do desenvolvimentismo, uma aliança entre grandes empresas chinesas, patronato agrário e indústria nacional, com base ampla popular, liquidou a oposição. O DEM foi praticamente liquidado com a criação do PSD e o PSDB está dividido, incapaz de unificar aecistas e serristas. O PSOL, na esquerda, apresenta um crescimento ainda molecular.
Na Bahia, a crise do DEM levou muitos políticos de carreira e que vendem os votos e a mãe em troca de benesses para a base aliada do governo, a convite do PT que liquidou a oposição e construiu uma aliança aparentemente esdrúxula, mas compreensível na medida em que todos se unem para conseguir benefícios à custa do erário público. Isso desorientou a oposição que só consegue como discurso pérolas como a de Reinaldo Braga, líder da oposição na Assembleia: “nada mais parecido com o governo do que a oposição no governo”. Ou seja, não temos nada para falar de Wagner, já que todos os problemas que o governo dele possui, o nosso tinha.
Esse grande consenso criado pelo PT gerou uma situação nova em Uibaí, desde a última eleição. Nela, Birinha e Pedro Rocha estavam aliados nas eleições executivas, já que Otto Alencar, principal aliado do primeiro é vice-governador da chapa encabeçada pelo partido do segundo. Isso também criou uma situação difícil para Davi, que era do PDT e foi forçado a migrar para o PT, já que no jogo estadual o PSD foi parar nas mãos de Otto. É um exemplo de como a imensa maioria dos partidos são siglas a serviços dos interesses dos chefes, sem ideologia ou projeto.
No plano municipal, o impacto se deu com a migração de lideranças para o grupo governista, que não teve nenhuma perda importante, apenas poucos críticos de esquerda que não votarão no grupo de Birinha e uma pequena parcela que ficou com uma pequena parte do bolo da prefeitura e saiu da aliança. Pedro Rocha conseguiu colocar debaixo de sua asa aliados históricos da oposição e tem a vantagem de estar num contexto eleitoral sem oponente definido. A insegurança da oposição é tamanha que mesmo em povoados onde o governo é mal avaliado, não há animo algum em aderir a abertamente à oposição, já que a maioria está dispostas a negociar com Pedro antes de tomar a decisão.
Na eleição de 2010, ficou claro que o silêncio e a falta de campanha favorecem o PT. Pedro Rocha usou da estratégia de atuar nas sombras e logrou a vitória. Em 2012, terá o apoio do secretário de Saúde do Estado, do Ministro do Desenvolvimento Agrário e do deputado federal Zezéu Ribeiro, dois senadores, governador e de vários deputados estaduais, enquanto a oposição só conta com o vice-governador, um deputado federal e um deputado estadual. As lideranças de peso do município estão próximas do prefeito. Mas, resta perguntar: e o povo?
Se formos à rua, encontraremos poucos fatos verdadeiros no meio da boataria, mas sentiremos o espírito da coisa. Os governistas já começaram a mobilizar sua base e o episódio do ônibus na estrada do Alto da Cruz foi amplamente usado com um fim específico: associá-lo a Birinha e lembrar que violência, ameaças, vandalismo são característicos da campanha da oposição. “Quem não lembra da buzina de 2000”? Isso tem mobilizado o eleitorado adormecido, aqueles que estavam “decepcionados” com o governo e “desolados” com o abandono do “sonho”. Os críticos, que compunham um coro de insatisfação à esquerda do governo, foram convocados a unirem-se ao PT para combater um mau maior. Os esquerdistas que anularão o voto estão isolados. Resta saber se as lideranças que se aninharam no governo conseguirão arrastar suas bases, o que é bastante provável.
Também percebemos que movimento social e eleição estão dissociados. As novidades eleitorais nos candidatos a vereadores demonstram que critérios como história de militância, envolvimento com atividades coletivas, movimento cultural e ações sociais não são usados para escolha das “novas” lideranças. A viabilidade eleitoral ainda é definida por questões familiares, status (da família), ligações partidárias e dinheiro. Alguns raros casos de pessoas envolvidas em atividades comunitárias existem aqui e acolá, mas a regra é dinheiro e família.
Se o fator familiar é decisivo, é preciso questionar se os novos eleitores que estão entrando pela primeira vez no jogo decidirão acompanhar os votos dos pais ou se tomarão uma posição independente. É certo que foi a juventude um dos setores mais assediados pela oposição que argumenta que “o prefeito não gosta de festa” e que, por isso, “Uibaí não tem mais alegria”. A falta de lazer e o fracasso das festas é um argumento que sensibiliza a juventude ansiosa por interação, cachaçada e integração.
O argumento naturalmente não se sustenta, seja porque nunca houve uma política pública de lazer, seja porque vivemos um novo fenômeno cultural. A facilidade de transporte permitiu a criação de um mercado regional de festas e como todo mercado, tende à centralização e concentração. Assim, os shows acessíveis em Irecê colocaram o São João de Uibaí em crise, algo semelhante ao que a festa junina da sede de Uibaí fez com as festas dos povoados nos anos setenta e oitenta. Por outro lado, o crescimento da sede gerou um novo fenômeno: o subúrbio. A socialização noturna em Uibaí há dez anos atrás estava centrada na Praça Marinho Carvalho, local de fenômenos culturais como os bares de Antonhão, Silval, a boate de Erivelton, o Jequitibar e a boate de Luíz Status. Hoje, é possível encontrar pessoas circulando na Praça da Educação, na Praça do Comércio, no Grêmio, nos bares da avenida Presidente Dutra e da rua D. Pedro II. Sem falar que a facilidade de transportes leva à movimentação intensa nos povoados no fim de semana, com prioridade para Boca d’Água e Hidrolândia, gerando, assim, um vazio no centro da sede.
Esse pano de fundo de melhoria da economia, em relação aos anos 1990, gera um clima de satisfação que acaba refletindo numa acomodação política. A hegemonia governista – mas não petista – a nível regional mostra que é difícil sair da lógica de quem está no poder. A tendência, portanto, para 2012, é que seja uma eleição fácil para o governo, não muito calma, mas certamente menos conturbada que as últimas, também menos acirrada. Apenas um fenômeno novo e excepcional pode modificar o quadro que se desenha e Uibaí é cheio deles. Em 2004, Raul foi uma novidade que salvou a continuação do governo, mas já indicava desgaste do carlismo porque o medico supostamente representava uma “inovação” e não uma continuidade ao seu antecessor. Em 2008, quando a então oposição apelava para uma candidatura de Pepê e a chegada de Pedro Rocha para disputar a terceira eleição mostraram que basta um nome de peso – como o de Brinha – para desequilibrar o confortável equilíbrio de quem está no poder, mas também revela que o eleitorado petista é mais discreto e que o PT é capaz de crescer no silêncio, como o aparente desses primeiros dias de 2012.
Aos críticos, indignados e insatisfeitos, só resta criar espaços de debate para tentar contrapor mais uma campanha despolitizada, violenta, sem discussão programática, sem apresentação de projetos, sem conscientização-sensibilização para questões importantes, sem oba-oba, tão comuns nessa época.
A chave está com Dorival, onde ele encostar vence. Ele, além de ser estrategista, demonstrou que tem voto nas últimas eleições. Conseguiu filiar em seu partido líderes que somam uns 1200 votos(tendência). Também ocupa vários cargos no governo, fato que também assegura aliados. Birinha já visita os povoados e garante a fieldade de seus correligionários.
ResponderExcluirMais quatro anos estão se passando e a bendita eleição vem chegando, "seria cômico se não fosse trágico", O destruidor de sonhos como costumo me referir prefeito da nossa cidade, no qual votei por três vezes, da ultima vez já não tão motivado já que quando votava pensava em um dia ganharmos as eleição e não ver mais essas "raposas felpudas" que ao longo dos anos dilapidaram economicamente e culturalmente o nosso município.
ResponderExcluirPorém, a coisa não foi bem assim, depois da eleição perpetuaram no poder uma corja que nem Birinha nem Raul queriam mais do seu lado, o prefeito Pedro Rocha os colocou em baixo dos seus braços, os que não "se afundaram se salvaram dentro da prefeitura" (lembram da musica que tanto cantamos)em Hidrolândia não é diferente continuam no poder todos os perseguidores! e olha que era muito fácil ser oposição em Uibaí já que eramos maioria, agora, venha ser oposição aqui em Hidrolândia que somos minoria para ver! são anos e mais anos de perseguição, de foguetes de 12 tiros dentro de casa de transferências e demissões de professores, para que? para essas pessoas continuarem no poder? Uibaí continua com o mesmo panorama politico de outrora agora com eleição mais fácil para o atual prefeito não por ele ser bom é que os outros são piores!
Tivemos alguns avanços é verdade, porém nem chega perto do que sonhamos, politicamente só retrocedemos, em Hidrolândia por incompetência e falta de carisma politico ainda não avançamos creio eu que não conquistamos um voto se quer, o pior, creio que perdemos muito devido a falta de dialogo e insatisfação de companheiros que deram literalmente sangue na ultima eleição, e agora são tratados como "Cachorro" se bem que meu cachorro eu trato melhor!
Então tá na hora de pensarmos melhor e vermos se as coisa devem ser conduzidas como estão ou precisam de mudanças cadê as secretarias de agricultura, meio ambiente, transporte? cadê as estradas das roças da baixinha, arrecifinho?
ASS> Márcio Pires de Oliveira