16 de set. de 2011

"Andarão juntos se não estiverem de acordo?" Amós, 3:3


Acima: foto do asfaltamento do cascalho (por Celito Regmendes) e do lançamento do comitê petista nas eleições gerais de 2010.

No espera das eleições de 2012, Uibaí já respira a política e a politicagem que deverá ser o principal assunto de rodas de conversas nas esquinas, nas bancas da feira, nos balcões e mesas de buteco, no ponto de taxi, nos ambientes de trabalho e mesmo na cama - visto que é comum nessa época do ano casais separarem-se por que cada um é de um partido. A política toma conta de tudo, um cheiro bom pra uns, festeiro pra outros e de carniça pra uma pequena parte. A questão "quem serão os cabeças do município nos próximos quatro anos" é a principal.
Nós que não estamos movidos pelo coração - é no coração que moram as desilusões - e que nos apegamos à racionalidade em assuntos políticos, não enxergamos mais do que repetições. Mais uma série de obras pré-eleitorais há tempos necessárias, mas somente agora providenciadas; mais um desfile de puxa-sacos de ambos os lados dando a cara nojenta do período; mais um governo autoritário que centraliza o poder, evita o diálogo e ignora a discordância; mais um governo em que se vota no menos pior para evitar o "mal maior", com um gosto de frustração por ver mudarem as cabeças, mas não os braços e os cérebros. Afinal, quem votou contra Hamilton, Armênia, Luís e etc. não votou contra Raul em 2008? Um dado novíssimo entrou em cena e ainda não sabemos como ele poderá se manifestar: o asfaltamento do cascalho é o assunto da vez.
Os insatisfeitos com os destinos do governo já tentam reaver seu espólio moral e ético para separar o joio do trigo no PT (coisa que nós nos questionamos se é possível). Basicamente, na categoria dos indignados, existem duas posições.
1 - A que defende a participação crítica e argumenta que, através de uma campanha independente, seja possível a eleição de um vereador, a participação em setores estratégicos do governo executivo e o acúmulo de forças democráticas e populares. Esse grupo tem seu pecado mortal no fato de que privilegia o momento eleitoral e não se esforça no movimento social. Em que avançou, nesses três últimos anos, o movimento estudantil, o movimento cultural crítico e politizado, a luta das mulheres, a organização dos quilombolas e negros, ou mesmo a politização dos trabalhadores rurais. Sem dúvida, se houve algum avanço, está apartado desse grupo. O principal erro seu é crer que é preciso conseguir poder para agir, quando na verdade é urgente agir para transformar-se em um poder. Rosa Luxemburgo criticava algo semelhante nos social-democratas de 100 anos atrás: "não se chega à ação revolucionária através da maioria, mas se chega à maioria através da ação revolucionária.
2 - A que defende o rompimento radical e imediato com o governo do PT. Embora não haja uma postura clara de construção de uma candidatura independente, inclusive porque não existe partido político disponível para isso, os seus adeptos, mais ou menos, descartam a colaboração eleitoral na reeleição de Pedro Rocha. Curiosamente, ao longo desses últimos anos, mostrou disposição para colaborar politicamente com o PT, desde que o objetivo fosse o enfraquecimento do resto da burocracia carlista que ameaça voltar ao poder em nosso município. Afinal, essa força política anacrônica, atrasada, violenta e que se orgulha da corrupção que pratica é muito pior do que o PT, mas, por ser fraca e destinada a desaparecer, é menos perigosa que o partido dos companheiros, que gozam do apoio popular maciço para favorecer principalmente os interesses do agronegócio, do grande capital e da sua burocracia partidária.
A união desses dois grupos traria sérios problemas para Pedro Rocha. Sobretudo, pela fato de que o segundo grupo possui ligações orgânicas com o povo e esteve à frente, nos últimos anos, das tentativas de reorganização do movimento estudantil, de criação de um movimento popular independente, de formação de um pensamento de esquerda na região e colaborou de forma muito próxima na organização do sindicalismo.
É possível que o pessoal das "origens do PT" possa estabelecer alguma unidade com essa nova força independente, popular e que tem, em boa parte, sérias tendências anti-partidárias e posições anti-eleitorais? Não se sabe. Curiosamente, não fazem parte desse grupo o PC do B municipal, que simplesmente, nos últimos anos, tem gravitado em torno do poder. A natureza do partido, no ambito nacional, é de lutar até a morte por cargos, empregos e de se comportar como um servo parasita que, em troca de umas moedas (no caso da UNE, na forma de alguns milhões) baixar a cabeça frente a qualquer governo. Se os seus participantes pretendem algo diferente, deveriam sair do partido. Ainda que isso signifique um preço alto, que os independentes estão pagando: não ter partido político, significa não participar da festa do ano que vem. Mas tem suas vantagens: está do lado da maioria do povo.

P.S. Modificamos essa postagem (Ver contribuição do advogado Jorge de prof. Jóia nos comentários)

12 comentários:

  1. "Rosa Luxemburgo criticava algo semelhante nos social-democratas de 100 anos atrás: "não se chega à ação revolucionária através da maioria, mas se chega à maioria através da ação revolucionária..."

    ESSE É O XIS DA QUESTÃO, ESSE É PONTO CRUCIAL , O NÓ GÓRDIO tem torturado o juízo dos COLETIVISTAS-SOCIALISTAS...como agir é dificil mas dificil é virar "maioria" com "ações revolucionárias" de carater coletivista, como fazer???

    EM TEMPO: acho q o titulo mais coerente é ANDAREMOS JUNTOS????? no pleito passado andamos ( exceto o gpec da quixabeira q assumiu a postura radical do voto nulo e mais umas cinco pessoas no restante do municpio...)
    como se fala em salvador E PÁRA O ANO?? volto pra ca´, pra onde vai nóis???

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  2. Paixões à parte, sei que muitas pessoas em Uibaí estão dizendo que essa obra no cascalho foi o golpe de misericórdia no grupo anterior. Vamos ver as cenas dos próximo capítulos.

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  3. Meus caros
    Após a leitura do texto acho importante alguns apontamentos, segue:
    I - O ano passado trabalhava com o deputado Zezeu Ribeiro e era o responsável pela elaboração das emendas parlamentares. Cada parlamentar pode propor até 25 emendas no valor total de até 12 milhões.
    I - Pois bem ano passado construímos com Dóris e com Davi e com anuência do prefeito municipal um emenda no valor de 500 mil reais para a pavimentação asfaltica do poço a obra é pra ser da entrada do poço ( cemitério) até a saída do poço.
    III - Essa emenda foi feita a Lei Orçamentária Anual ( LOA – execução 2011) ,nº da Emenda – 13840001; unidade orçamentaria – CODEVASF; Funcional Programática – 15.244.1025.71660075; Titulo - Apoio a projetos de desenvolvimento sustentável Local Integrado; Esperamos que tal obra seja liberada pela presidência a da republica. Em conversa com a CODEVASF responsável ( Bom Jesus da Lapa) , informara que a indicação da obra já chegou , mais que se ta aguardando liberação de recuso de Brasília.
    IV - Meus caros nada tem Haver Zezeu na obra do pé de galinha. Tinha sim uma emenda do Senador Walter Pinheiro, na época deputado para pavimentação da costa e silva, o que não deu certo e não saiu.
    V - A obra do pé de galinha é parceria do Departamento de Estradas e Rodagens com a prefeitura municipal.
    Vi – Mais informações sobre emendas para Uibai podem ter acesso no: http://www2.camara.gov.br/atividade-legislativa/orcamentobrasil/orcamentouniao/loa/loa2011/consultas-e-relatorios-de-execucao
    Esclarecimento – Não trabalho mais para o Deputado Zezeu , mais achei por bem dar publicidade a isso, até por que os recursos são públicos e devem ser do conhecimento de todos. Espero ter contribuído.
    Jorge

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  4. Nessa novela da eleição de 2012, os capítulos são imprevisíveis. Acho que dá Pedro de novo, mas com uma frente pequena. Quem passou três eleições perdendo na fila por frentes insignificantes quando era oposição, agora que está com a "máquina" na mão e virou obreiro que só - fazendo ou por fazer pavimentação na sede, Boca D'água e Traíras - vai ser mole derrotar um grupo desmoralizado, sem novidades, sem recursos e sem apoio - vai dizer que uns deputados e um vice-governador é alguma coisa?
    Eu particularmente não tenho candidato a vereador e votarei nulo pra prefeito. Os vereadores até agora tem mostrado coisas pontuais. Nenhum construiu pela base, discutiu com a sociedade, democratizou o mandato, mobilizou gente. E eleição não tira meu sono: estou muito mais preocupado em como construir um movimento social sério, constante e forte em nosso município. A questão não é tomar o governo de quem quer que seja. O poder que vem da burocracia estatal aprisiona.
    A questão é construir outro poder através da organização popular. Um novo poder para se opor à hegemonia que está dada. Como fazer? A historia mostra que o futuro pertence àqueles que deixam as picuinhas e disputas superficiais e vão pra base, discutir, debater, criticar, estabelecer uma relação orgânica com o povo. Àqueles que preferem eleger vereadores e prefeitos e estão preocupados com resultados imediatos, meu boa sorte!

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  5. concordo com flavio qdo diz Q FORTALECER OS MOVIMENTO SOCIAIS é o q mais importa, essa vem sendo minha tortura e penso q a de flavio tambme entre outros, faz tempo, e a tortura é por q ja se tentou de tudo e as coisas não "andaram" e teimam em não avançar, varios colegas ja desistiram, viraram individualistas e hoje estão entre niilistas e altruístas qdo der na telha... tento fazer minha parte até por q naõ sei ser diferente...

    UMA PERGUNTA porem me angustia: em q contexto é melhor e mais propicio fazer as coisas acontecerem?? em um como esse atual( ta na cara q não, a não ser algo aqui e ali como ja se vem fazendo meio timidamente ou de forma limitada) em um onde se tenha mais espaço , um q haja canal pra dialogo e participação efetiva porém tendo q ter jogo de cintura pois se estará no minimo numa coalizão heterogenea, ou é melhor um contexto onde o poder central é abertamente anti-movimento social de carater popular como marca e trata a luta popular como caso de policia??

    SINCERAMENTE TAIS INDAGAÇÕES TIRAM MEU SONO, POIS em cada contexto ha de se pensar como atuar,cada contexto exige e obedece uma série de fatores mais ou menos complexos, em nenhum deles a coisa é mole, em alguns o troço é mais complikado, e agora, o q fazer??, todo dia me pego com tal pergunta...

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  6. ou seja, nós independentes estamos fora do governo, em alguns momentos dialogamos com o tal governo sem perder a independencia ou jogamos duro contra o mesmo sem temores horrendos pois sabemos q não uma atmosfera pesada e sistematicamente demarcada pra evitar qualquer forma de organização popular ou mesmo qualquer forma de constestação...

    SABEMOS CONTUDO q se pode se entrar em outro contexto q é o da atmosfera densa e ameaçadora, pois movimento popular e contestação são coisas de baderneiro escroto e aí ja se sabe como barco anda, em outro, novo e estranho pra gente seria o de tentar fortalecer o movimento estando POR DENTRO DO GOVERNO CENTRAL LOCAL, sem virar meros burocratas garantindo o emprego, por outro lado mais cooptando entidades e manipulando-as q fortalecendo-as e promovendo a autonomia...

    3 CONTEXTOS CAVERNOSOS, 3 contextos q como disse, a depender de quem esteja no poder central local e cia, demanda na gente uma serie de estrategias, exige da gente uma serie de coisas ora mais, ora menos complexas e arduas em todos os sentidos...

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  7. Como não avançamos? Há dez anos atrás, quando o Grêmio Estudantil do Serra Azul batia de frente contra Dorival, ele veio com estatuto pronto dizendo que grêmio devia ser tutelado por um grupo de professores, invalidando ata, deslegitimando mobilização estudantil, transferindo professores concursados que nos apoiavam para Irecê. No desfile cívico de 2000, organizado pelo Grêmio, houve ameaças de expulsão e represálias se o grêmio usasse as faixas de protesto no desfile. Esse tempo já passou. Quando vendíamos o jornal O Boca pelas ruas, houve vezes que vendedores foram agredidos moral e fisicamente pelos puxa-sacos dos então, donos do poder. Se algo parecido acontecesse hoje, teríamos condições de mobilizar uma opinião pública popular muito maior, poderíamos fazer zuada a nível estadual e as pessoas achariam que isso era absurdo. Na época, há apenas 10 anos, usar de violência contra adversários era uma coisa natural.
    Essa mudança não teve nada relacionado a anos de movimento estudantil secundarista e universitário, ao empoderamento de setores organicamente ligados às lutas populares e a uma década de um dos mais politizados e organizados movimentos culturais do país realizado em um município de pequeno porte?
    Uibaí é diferenciado por ter um nível de discussão que não existe em qualquer município. Uibaí é um dos poucos municípios do Brasil que teve um grupo de Teatro do Oprimido atuando por meia década de forma sistemática e pedagógica. Será que não avançamos nada, camarada Celito?
    Eu não sou partidário do "quanto pior, melhor". Acho que nunca estivemos num momento tão propício para fortalecer a organização popular. Se as coisas não "andam", é por falta de criatividade, é porquê não encontramos ainda a nova forma de organização necessária para essa nova etapa da história. E só a descobriremos na prática. Certamente, não será repetimos fórmulas passadas. O futuro só nasce mediante as dores do parto.

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  8. Tudo se adapta, e certamente, com a politica do pão e circo não poderia ser diferente.

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  9. olhando por essa ótica , digamos q avançamos sim flavio e bastante, pesno até q como poucas cidades do brasil...
    me apeguei muito á questão de uma( organização mais, digamos sistemática, coesa e cia, ou seja, a partir de ENTIDADES, ASSOCIAÇÕES e demais coisas do genero, vc sabe muito bem com não se conseg "andar" pelo menos como acho q deveria e q ja se podia. Vc mesmo vive torturado com a questão da AEUSU, gremios e cia nos ultimos anos...
    NO GERAL se conseguiu algo? sim, mas as entidades EM SUA ESMAGADORA MAIORIA não se firmam, felizmente a gente v hoje experiencias como como a da TRUPE, O SINDICATO dos servidores publico, em parte a AUPAC q demosntram um certo fôlego, mas imagine aí, os trabalhadores de varios setores, os negros, os artistas, os gays, até mesmo as mulheres q cada vez mais ocupam espaços, apenas patinam, não conseguem se organizar em torno de uma ou mais entidades, outros setores como o dos negros não ha perspectiva alguma de surgir nem um arremedo de antidade por tão cedo me parece...
    no interior do municipio a coisa é grave, muito grave, apenas o poço tem algo do tipo, ainda bem q com um pessaol realmente interessado na coletividade, no calderão ha uma entidade coletivista mas muito atrelada aos "governos"...
    VC DIZ ESTAMOS NUM MOMENTO PROPICIO E FALTA CRIATIVIDADE, talvez, não consigo enxergar q esteja tão propicio, isso me tortura tambme, pois uma das coisas q penso q mais me caracteriza é a INVENTIVIDADE e a CRIATIVIDADE em tudo q me proponho a fazer porem infelizmente não to conseguido imaginar algo q faça a coisas andarem pelo menos parecido com o q tem sido feito por grupos e entidade q citei,pelo menos em em alguns setores cruciais...

    VC TA OTIMISTA, ainda bem, como disse em otro post, varios de nossos colegas abandonaram a luta coletivista, se desesperançaram e o maximo q fazem é uma especie de altruísmo momentaneo e esporadico... não consigo me fechar e por isso continuo na labuta, tomara q como vc disse, na prática , a gente ache algo, no entanto, volto a dizer ha 3 CENARIOS, 3 CONTEXTOS, um ja acontecendo e dois q podem vir, em todos 3 as coisas são deveras complexas e com dores talvez mais forte q a de PARTO, ops, desculpe mulherada, assim como um branco não deve opinar sobre nossas dores, não posso "medir" as dores de vcs, sei q dói e como flavio disse, se avança é na dor, seja ela qual for... VAMOS AVANÇAR..ou não???

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