30 de set. de 2010

O significado da eleição de uma mulher


Às vésperas da eleição presidencial a definição de vitória de Dilma para presidência já é evidente. Embora há um "já ganhou" na maior parte da imprensa, admitido até por Fernando Henrique Cardoso, pode ser precipitada a análise de vitória no primeiro turno. O Brasil é um país de quase 200 milhões de almas e votar é obrigatório. Conseguir mais da metade dos votos válidos não é tarefa fácil.
O significado internacional dessa eleição é semelhante ao que Barack Obama provocou no mundo. Naturalmente, devem ser guardadas as proporções, devido ao peso internacional do Brasil em relação aos EUA. Todavia, o mundo acompanha os episódios da novela que levará, certamente, ao poder, uma mulher. De acordo com um importante jornal inglês, a mulher mais poderosa do mundo, pois diferente da chanceler da Alemanha e da secretária estadunidense, Dilma será chefe de Estado em um país com peso muito superior ao Chile e Argentina, que também são governados por presidentas.
Todavia, o que isso significa para as mulheres?
Em primeiro lugar, o movimento das mulheres nasceu atrelado ao movimento operário nas correntes anarquistas e socialista. As seções femininas de sindicatos e partidos socialistas eram muito diferentes das associações filantrópicas das donas das elites. O movimento de mulheres nasce combativo e não consegue enxergar a emancipação feminina, em particular, desatrelada da emancipação humana, em geral, presa nas correntes do irracionalismo capitalista.
Em segundo lugar, Dilma nunca foi feminista. Ela começou como quadro intelectual de uma organização guerrilheira do contexto de resistência armada à ditadura. Depois de presa, torturada e anistiada, a mesma vai começar sua carreira na burocracia. É uma tecnocrata, que sai do PDT em 2002 e vai para o PT assumir secretarias em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul e, depois, ministério em Brasília.
Dilma é contra a legalização do aborto e é eleita num ano que demonstrou por A mais B que a Lei Maria da Penha não é tão eficaz para combater a violência contra a Mulher. Seu discurso passa longe de qualquer política de equalização e horizontalização. Associar a vitória de Dilma em algo para além de um reconhecimento social de que uma mulher pode ocupar o lugar de um homem é como querer tirar leite de jegue.
A história recente já nos mostrou que sociólogos da USP e sindicalistas do ABC podem ser bastante parecidos quando no poder. E também nos ensinou que nem sempre a eleição de alguém pertecente a um extrato oprimido da sociedade, mas que não se identifica com a luta histórica contra essa opressão, significa avanços sociais. O Brasil deixou de ser menos preconceituoso com o segundo turno de 2006, em que disputaram um nordestino mestiço e um descendente de ciganos? Não. Ambos associaram-se completamente ao status quo.
Não acreditamos que há avanço algum em simplesmente tirar um homem no poder e por no lugar uma mulher que age da mesma forma. Fosse assim, Kátia Abreu não poderia ser jamais a representante mais destacada daquilo que é a coisa mais grotesca, criminosa e atrasada do país: o latifúndio.
Tomara que nesses anos vindouros, as mulheres possam avançar na sua luta pela emancipação humana!

17 de set. de 2010

Avaliação do Blog do MVIVE!


Olá, leitores.
Há algum tempo que tentamos usar esse espaço de comunicação. Temos tentado fazer da melhor forma, divulgamos vários textos, mas acreditamos que a construção coletiva sempre pode ser melhor.
Por isso, abrimos esse momento para avaliação do blog! Criticas, sugestões, propostas serão muito bem vindas e devidamente incorporadas às atividades daqui por diante. Cada comentário e crítica é valioso e estimulante para dar continuidade a este e outros trabalhos!
A gente agradece!

15 de set. de 2010

Uma oposição socialista?


Talvez pudéssemos considerar algumas coisas positivas do governo petista de Uibaí. Por exemplo, do ponto de vista dos servidores e dos estudantes. Poucas vezes houve tanta participação dos servidores na política uibaiense e nunca os estudantes deram tão beneficiados pelo poder público municipal.

Ora, o interlocutor é um interlocutor do governo. Não há perseguição aos diretores e servidores que atuam no sindicato. As propostas que o SSPMU apresenta são discutidas pelo poder público e há diálogo, evidente entre a Secretaria de Educação e os professore do município na elaboração do Plano de Cargos e Carreira e Remuneração do magistério. Todavia, a contradição é uma marca da realidade. As negociações não levam a soluções rápidas e a demora é marca na hora de encaminhar as propostas do sindicato, como foi por exemplo o de liberação de dirigente sindical. O Plano de Cargos, Carreira e Remuneração ainda não foi aprovado e outras negociações não avançam.

O SSPMU não surgiu por causa do governo petista. Se o fosse, por quê Central, que também tem um prefeito do PT, ainda não o possui, enquanto Barra e João Dourado o tem, sem prefeituras do partido. O SSPMU é um resultado de um processo histórico de maturação da categoria dos servidores públicos. Sem falar que vários “seguidores” – alguns não merecem nem serem chamados de militantes – do partido saíram das atividades sindicais por considerá-las anti-petistas. Houve até mesmo uma chapa branca para a diretoria do sindicato que foi derrotada. Os servidores certamente não aplaudiram a atitude do prefeito de cortar o ponto dos salários dos contratados nos dias de recesso de São João, muito menos a ameaça de corte do ponto dos professores no dia da greve.

Quanto aos estudantes, vejamos alguns pontos que poderiam ser alegados como positivos. O início do pagamento do aluguel às residências estudantis em meados de 2010, uma reforma e alguns auxílios à CEU de Salvador, empenho na aprovação da lei de assistência estudantil elaborada pelo movimento estudantil e apresentada sem modificações pelo Executivo petista à Câmara municipal.

Porém, é preciso considerar que o auxílio às casas dos estudantes ainda é insuficiente. Enquanto outras prefeituras pagam aluguel, água, luz e alimentação para seus estudantes, a de Uibaí, com sua avançada legislação, não consegue ir além do aluguel – quando vai. Naturalmente, os estudantes uibaienses são os únicos da região em que suas residências estudantis se sustentam sem auxílio das prefeituras. E a lei de assistência estudantil, que em nosso município pretende ser uma política publica e não um ato assistencialista eleitoral é resultado de quase quatro décadas de organização estudantil. Ela vem da pressão exercida pela sociedade local pela reivindicação de financiamento público das casas dos estudantes, pressão que há antes do PT existir. Até mesmo o ex-prefeito Raul Machado, com suas posturas anti-populares e anti-democráticas, viu-se obrigado a aprovar uma lei de assistência estudantil após negar-se a fazer uma política séria. Além disso, vale a pena mencionar o boicote de parte da Comissão Organizadora da IX Semana de Arte e Cultura à barraca da Aeusu, em virtude de críticas de um estudante à organização do evento, mesmo que não tenham sido feitas em nome da entidade ou do movimento. Boicote que foi uma forma de a Comissão Organizadora, em sua maioria pró-governo petista, punir as críticas.

Desse modo, cremos que os avanços dos servidores e dos estudantes não podem ser atribuídos ao governo municipal. São conquistas da luta popular. A única coisa que pode se dizer do governo atual é que ele não faz retrocesso histórico, como os anteriores que fizeram uma verdadeira involução no município. A sua vantagem é, portanto, manter as coisas no lugar em que estão.

Um política diferente


Nem tudo é lixo na política eleitoral. Em épocas de eleição, devido à população priorizar um pouco mais a política no seu dia-a-dia, alguns militantes de esquerda acreditam ser um momento oportuno para denunciar o sistema capitalista e as péssimas condições de vida dos trabalhadores do campo e da cidade.
Além disso, geralmente é no período eleitoral que o Estado capitalista renova sua legitimidade junto aos setores populares. Precisamos denunciar a falta de democracia que existe na política eleitoral burguesa e precisamos convencer os pobres a parar de votar em candidatos que representam os interesses da corrupção, da falta de vergonha, da opressão e do dinheiro.
Em Uibaí, ocorrerá um debate com o candidato a deputado estadual Geraldo Araújo (Partido Socialismo e Liberdade). Um debate aberto, onde o candidato se apresenta e a "platéia" pode questionar, de igual pra igual, sobre propostas, posições políticas e pela história.
Geraldo Araujo é diferente dos demais candidatos. Ele não dispõe de rios de dinheiro. Sua história, muitos já conhecem: operário do setor petroquímico, professor do estado e da rede municipal, militante socialista que passou pelo PT, PSTU e agora está no PSOL. FIlho de Barra do Mendes.
Ao contrário dos demais partidos, inclusive dos que juram pertencer à "esquerda" em que os candidatos aparecem como se fossem astros de televisão para dar o ar da graça, apresentar uma fala pronta de entusiasmo e honestidade e não são capazes de debater com a população. Deixamos aqui a nossa posição contra a política do "é isso mesmo" e nosso parabéns pela iniciativa do candidato e não só falar, mas ouvir e debater com o povo.
Participem!

O quê? Debate com o candidato a deputado estadual Geraldo Araújo
Onde? Câmara Municipal de Uibaí
Que dia? 18 de setembro de 2010
Que horas? 9:00

13 de set. de 2010

Eleições 2010: o que pode mudar?


Na falta de Zé das Virgens, surgem novos candidatos a deputado: uns nem tão novos, como Joaci Dourado que começou sua vida política na época da ditadura militar (e não foi do lado da esquerda). Outros, que dão no mesmo, como Felix Mendonça Jr. que, após conquistar votos, vai continuar a fazer o que seu pai sempre fez por nossa região: nada. Alías, tem uma mudança, sim. O cara saiu candidato pelo PDT que é, tradicionalmente, um partido de esquerda, mas que foi vendendo sua legenda e se distanciando de sua história de nacionalismo radical. Isso faz com que Birinha apóie um candidato do partido do vereador Davi, além, é claro, de pedir votos para Wagner e Dilma.

O certo é que de tanta novidade, só uma coisa não muda: não existe opção entre as "grandes" candidaturas. A costura política é feita para que tudo mude para que tudo permaneça como está. As candidaturas que são apresentadas como alternativas não são lá essas novidades. Apresentam alguns avanços parciais e algumas vantagens mínimas, mas reproduzem o essencial do governo de continuidade carlista do novo cabeça branca da Bahia.

Luiz Alberto, Neuza, Pinheiro, Felix Jr (afinal, partido de centro-esquerda, né?)! Onde estiveram quando os professores da rede estadual entraram em greve? Que fizeram para que o governo usasse uma política fascista de segurança em detrimento do desmonte da saúde e da educação? Questionaram os gastos milionários de propaganda do governo e o uso eleitoral de obras de habitação social ou estradas? E as alianças com adversários históricos da classe trabalhadora em nome da governabilidade? E o uso sensacionalista e apelativa de trabalhadores pobres na propaganda oficial?

Precisamos de uma alternativa política e não meramente eleitoral que seja capaz de realizar as transformações populares. E isso só pode ser obra dos trabalhadores e de seu movimento histórico.

Propriedade: direito de todos?


Na semana do Grito dos Excluídos, aconteceu no país inteiro uma mobilização no Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade. Em Uibaí, o Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Uibaí, o Movimento Vicente Veloso, a Paróquia Local, o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Uibaí e a Associação dos Estudantes Universitários e Secundaristas de Uibaí e membros das residências estudantis de Feira de Santana e Jacobina se mobilizaram para que o acontecimento não passasse batido no município.
Naturalmente, a imprensa dos ricos não se interessa por divulgar tais coisas, pois ela está comprometida com o capital - em todas as suas esferas, inclusive o capital industrial da agricultura. E o direito sagrado do capitalismo é o monopólio da riqueza do mundo por uns para explorar a maioria da população. A propriedade privada não pode ser questionada, pensam os capitalistas. Logo, abafa-se qualquer discussão e quando se fala em MST ou outros movimentos sociais no campo, o objetivo é criminalizá-los, mas não se debate a questão central: uma pequena parcela da humanidade tem direito de monopolizar o planeta, os recursos naturais, a terra e as riquezas? Uma parcela ínfima da sociedade tem o direito de viver muito bem às custas da exploração da maioria da população?
Uma quantidade mínima de pessoas tem o direito de destruir os recursos naturais em nome do lucro e condenar milhões de pessoas à fome, doença, pobreza, desemprego em nome de altos lucros?
Acreditamos que não!
O abaixo assinado e a luta pelo controle social da propriedade, base de qualquer democracia verdadeira continua.

2 de set. de 2010

Plebiscito pelo Limite da Propriedade da Terra: pelo direito à soberania alimentar

O Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadores Rurais de Uibaí fez um anúncio na cidade e a gente leva pra internet. Trata-se do Plebiscito Popular pelo Limite da Propriedade da Terra que acontece no país inteiro da Semana do Grito dos Excluídos.
O Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Uibaí está com uma urna volante para recolher votos no município e agendou para o dia 03 de setembro um pronunciamento do militante uibaiense e advogado Savigny Machado.
Os lutadores sociais do país inteiro estão se mobilizando para esse plesbiscito.
Se não houver democracia na distribuição da riqueza se descaracteriza qualquer tipo de democracia!
Participem!

Links da Campanha:
Endereço eletrônico do Plebiscito
Abaixo assinado nacional:
Grito dos Excluídos:


Plebiscito pelo Limite da Propriedade da Terra: participe!



A luta pela terra no Brasil é e sempre foi uma luta pela vida e pela morte. Antes, na terra brasileira só havia mata e liberdade, havia vários povos que viviam com a mãe terra tirando o suficiente para viver. Eram guaranis, tupinambás, yanomamis, kiriris, tupis, jês, funiôs, guaipurus, pipipãs, aimarás. Cada povo tinha sua língua, sua cultura, sua forma de agradecer a Deus e mãe terra o que havia de bom, para pedir uma boa chuva e uma boa guerra. Mas, um dia, vieram tomar as suas terras e suas vidas, porque as terras não tinham valor nenhum a não ser se nelas houvesse trabalho. Os portugueses chegaram atrás de madeira, depois atrás de ouro, depois atrás de terra e de sangue indígena para fazer brotar da terra produtos para vender para outros países, não para matar a própria fome, mas para enriquecer poucos homens. A guerra foi terrível e nunca acabou. Hoje não são mais os portugueses. São fazendeiros, empresas nacionais e multinacionais que tentam expulsar os indígenas de terras onde eles vivem há milhares de anos. Os indígenas, apesar das doenças, das guerras, da lâmina dos machados e espadas, do fogo de trabucos, pistolas e espingardas, apesar da violência do padre, de um deus que não conheciam, de uma língua que não falavam e de valores e costumes que não eram os seus. Mesmo assim, os indígenas resistem e no centro da sua luta está a terra: não porque lutam pela terra, mas porque lutar pela terra é lutar pela vida, pelo alimento, pelo direito de falar sua língua, de viver sua cultura, de ser livre[1].

A luta pela terra é uma luta contra a escravidão. As terras, assim como as máquinas, as ferramentas, os transportes, tudo, não são capazes de gerar riqueza sozinhas. A terra só gera valor se houver trabalho. Além de escravizar indígenas para trabalharem nas terras que foram tomadas dos indígenas, os portugueses brancos católicos arrancaram milhões de africanos de suas terras e trouxeram eles para outra terra. Aqui, trabalharam dia e noite e madrugada, foram cativos da fome, apesar de gerarem uma das maiores riquezas da terra, foram cativos da miséria, apesar de viverem na terra das mais ricas da terra, foram cativos de valores que não eram os seus, apesar de ter sua língua, seus valores, seus deuses, seus costumes. Mas eles não se renderam. Os deuses negros sobreviveram numa guerra sem fim de valores contra o Deus católico branco dos brancos. As danças negras sobreviveram apesar dos corpos duros e sem graça dos brancos tentarem convencer que corpo de negro é só uma ferramenta para dançar e não uma ferramenta para a alegria, para a felicidade, para o amor. A inteligência negra sobreviveu, mesmo quando a miséria era tanta que nem forças para pensar se tinha, mas tinha porque a resistência é maior e mais forte que qualquer escravidão. Os negros aprenderam que a terra daqui, que não era sua, não era de ninguém e era de todos. E passaram a lutar por ela. Revoltaram-se, rebelaram-se. Fizeram motins, levantes, quilombos. E até hoje, uma parte dos negros resiste nos quilombos na luta pela terra para plantar e viver. E nas cidades grandes, milhões de negros luta por um pedaço de terra para morar e pelo direito de trabalhar.

A luta pela terra é uma luta contra o inferno na terra, é uma luta pela terra prometida. Antônio Conselheiro, em Canudos, dizia que os sertanejos pobres, aqueles montes de trabalhadores sem terra, tinham direito a terra. E que na terra eles teriam rios de leite e barrancas de cuscuz de milho. Canudos foi uma luta pela terra. Uma luta na qual os sertanejos trabalhadores lutaram contra soldados do Exército, pobres contra pobres. Irmãos contra irmãos. Mas os soldados lutavam em nome da ordem e da República. E os sertanejos lutavam com uma bravura que poucos viram porque lutavam pela terra, pela vida, pela terra prometida. Pela terra que é mais do que terra. E foi assim em Belo Monte (Canudos), em Contestado, em Pau de Colher[2]...

A luta pela terra no Brasil é uma luta de trabalhadores contra fazendeiros. Um dia desses, por volta dos anos 50, os trabalhadores resolveram uma coisa: se a propriedade da terra era uma coisa ao, então todos teriam o direito a ter uma. Se fosse uma coisa ruim então teria que ser extinta. Então formavam as Ligas Camponesas, se organizando em cada município para luta pela terra, não pela areia, pelo barro, mas pela terra que pode ser trabalhada e que uma vez trabalhada gera vida, gera riqueza, gera dignidade e orgulho para quem nela trabalha. E começaram a lutar pela reforma agrária, ou seja, por terra para todos que quiserem trabalhar nela. E queriam que a terra fosse de ninguém e de todos, na lei ou na marra como diziam. As Ligas Camponesas foram ao confronto e enfrentaram os fazendeiros, o Estado, os donos da terra que não trabalham na terra. João Pedro Teixeira, um líder das Ligas, foi assassinado quando levava livros para que seus onze filhos pudessem estudar. A luta pela terra de João Pedro era uma luta por mais do que terra. Era uma luta por educação, por saúde, por dignidade. Uma luta pelo presente e pelo futuro![3]

A luta pela terra é uma luta por muito mais do que terra. É uma luta por uma nova forma de pensar o mundo. Nessa nova forma a terra á mais do que terra. A terra é água, educação, cultura, saúde, a terra é dignidade, orgulho, honestidade. A terra é isso tudo e não é isso tudo. A terra continuou sendo um meio de escravização do ser humano, do trabalhador. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) foi criado em 1984 por gente de todo o país que lutava pela terra. Debaixo da sua bandeira vermelha está a luta de indígenas, negros, trabalhadores e trabalhadores que se levantaram contra a opressão. Que acreditaram que a terra poderia ser transformada de uma forma de escravização para uma forma de liberdade. A dignidade está não na cabeça de seus líderes, mas nas mãos, nos pés e nos olhos dos mais humildes e valentes entre os Sem Terra[4].

A luta pela terra é uma luta pela vida!

[1] Neves, Erivaldo Fagundes. Estrutura Fundiária e Dinâmica Mercantil. Salvador / Feira de Santana, EdUFBA, UEFS, 2006.

[2] Brito, Gilmário Moreira. Pau de Colher – na letra e na voz.Dissertação de Mestrado. São Paulo, PUC-SP, 1999. Maestri, Mário. Belo Monte uma história da Guerra de Canudos. São Paulo, Expressão Popular, 2003. Cunha, Euclides da. Os sertões. São Paulo, Martin Claret, 2004. Calasans, José. Quase Biografias de Jagunços. Salvador, UFBA, 1990.

[3] ANDRADE, Manuel Correia de. Ligas camponesas e sindicatos rurais no Nordeste (1957-64). Temas de Ciências Humanas, nº 8, 1980. STEDILLE, João Pedro (org). História e natureza das Ligas Camponesas. São Paulo, Expressão Popular, 2004.

[4] COMPARATO, Bruno Konder. A ação política do MST. São Paulo, Expressão Popular, 2001. CALDART, Roseli Salete. A pedagogia do Movimento Sem Terra. São Paulo, Expressão, 2004. FERNANDES, B. M. A formação do MST no Brasil. Petrópolis, Vozes, 2000.