9 de out. de 2010

Segundo turno: o que dizem e o que pode ser?


Analistas políticos do país, jornalistas, blogueiros e simpatizantes de Marina Silva extraem as conclusões da política nacional: a onda é verde e 19 milhões de votos comprovam isso. O segundo turno começa com uma disputa pelos votos da senadora e ex-ministra do PT. Quais os caminhos que se destacam?
Em primeiro lugar, o foco no delírio da classe média que quer consumir produtos de empresa com responsabilidade social e que, pela sua crise de consciência em viver num país tão rico mas com números gigantescos de miséria típico da terra mais desigual do planeta. Eles são muitos. De fato. Mas estão enganados se acreditam que o ambientalismo do PV e a tentativa de pintar com verde o PSDB e o PT podem minimizar os impactos da destruição ambiental causado pelas empresas privadas e pela lógica do lucro. Acreditar que a lógica de mercado pode ser controlada por um Estado que se quer cada vez menos intervencionista nas políticas públicas - mas não no socorro aos grandes empresários como a reação à crise demonstra - é falta de profundidade analítica e adesão inocente - ou de má fé - ao consenso do "desenvolvimento sustentável". O adágio popular, todavia, já ensina que de boas intenções (e nada mais que isso) se faz o caminho do inferno.
Em segundo lugar, o avanço conservador e reacionário de grupos religiosos é patético e despolitizador. E os candidatos transformam seu horário eleitoral em púlpito ou altar para agradar seus eleitores que supostamente jogaram Dilma para o segundo torno por causa do debate do aborto. É lamentável que num suposto exercício democrático como é uma eleição, o debate sobre aborto seja tão despolitizado e retrogrado. É preciso discutir o essencial da questão: o Estado é laico ou deve continuar com restos da época feudal portuguesa em que a Igreja Católica e o governo real eram uma coisa só chamada Padroado? Não seria plausível defender a liberdade de religião e a liberdade de não ter nenhuma? Não! O Estado laico que vá pras profundezas do inferno. Cristo para o palácio do Planalto.
Por último, aqueles que se prestam a defensores de ideologia de direita anticomunista e comemoram a derrota de Lula nas eleições em troca de alguns tostões e holofotes da classe dominante brasileira demonstram sua ignorância e miopia para analisar qualquer processo político. O chamado "delírio totalitário" não foi rejeitado. Ele sequer existe. O que foi rejeitado nessas eleições foi a corrupção da sociedade política nacional. A quantidade de votos nulos, brancos e a absteção, assim como a votação de Tiririca não dizem nada? Eles são muito maiores que os votos verdes de Marina. Lula, com suas políticas sociais e seu partido, o mais organizado em bases populares da sociedade brasileira, não perdeu em nada seu capital eleitoral que em qualquer eleição presidencial num curto prazo lhe dá a dianteira de votos. O PV sabe que não tem a organicidade do PSDB e do PT para se apresentar como alternativa séria de governo.
De resto, a eleição representa mais do mesmo: a continuação do neoliberalismo com maquiagem social para os "descamisados", sem no entanto, avançar na democratização e na justiça social, apenas reproduzindo a miséria, exploração e desiguldade social.


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