O que move a política? Não é só comício, palanque e eleição. Mas, sim, as forças políticas e sociais. Algumas estão organizadas em facções políticas. O revolucionário russo Vladimir Lenin, em seus vários estudos sobre estratégia e tática, coloca que é preciso analisar as classes sociais e os interesses em jogo. Daí é possível identificar os grupos sociais e a formação de alianças e conflitos. É uma visão baseada na economia política.
Partindo daí, temos a maior força social representada nos trabalhadores rurais. É uma denominação que engloba pequenos empresários de visão capitalista, camponeses que praticam agricultura de subsistência, pequenos produtores empobrecidos, pequenos proprietários, diaristas que ganham dão o “dia de macaco”, meeiros, arrendatários. Às vezes o mesmo assume várias faces: podemos ter um dono de roça que emprega diaristas, pega outra roça na meia e passa capinadeira dando dia de serviço na roça alheia. A diversidade desse grupo faz com que seja bastante difícil uma união de interesses e uma organização mais ampla. Isso faz com que a divisão do grupo prevaleça sobre a união. As associações e o sindicato não são instrumentos de luta de classe, mas meios de conseguir benefícios individuais. Essa união poderia acontecer contra aqueles que os exploram e se favorecem com sua desunião: os comerciantes atravessadores, os bancos e agiotas que vivem de juros e os políticos que roubam seus recursos pagos na forma de impostos.
Outro grupo que tem ganhado bastante destaque são os servidores públicos. Eles nasceram dentro de uma burocracia que administra o Estado no nível municipal e já são mais de 400 trabalhadores.
Temos, ainda, dois grupos que podemos chamar de elite local. Um é composto pela classe média agro-comercial. São empresários capitalistas e empregam mão-de-obra assalariada combinada com a familiar. Tem influência sobre essas já que mantém como reféns os seus empregados e dependentes. Além disso, é comum que pratiquem a agiotagem como forma de acumular mais capital. São decisivos no arranjo de poder local. O outro é o da alta burocracia. Assumindo cargos de importância na estrutura do Estado, são peças-chaves na articulação política, na desorganização popular e na reprodução da miséria de parte da população trabalhadora.
Então, quer queiramos ou não, estas são as principais forças reais de poder que estão presentes na sociedade da Canabrava. Destas forças, algumas estão situadas no espectro econômico e outros estão mais com o pé no espectro cultural, em contraposição de projetos de classe e de mundo.
É importante analisar a situação peculiar da classe trabalhadora rural que apesar de ser numericamente gigantesca e a mais importante do ponto de vista econômico, não consegue sair da situação de apatia política em que está jogada. Na verdade, apesar do seu imenso potencial de fator real de poder, está como que estático nessa situação – parece que tomou um sonífero e que dorme um sono do qual não pode acordar.
E os servidores públicos? Trata-se de força política real que começa a ganhar consciência do seu papel enquanto fator real de poder. Veja o caso dos agentes de saúde, uma categoria específica de servidores públicos que consegue atuar de forma unida e consciente, alcançando vários objetivos. Houve também a fundação do sindicato e o avanço das lutas em defesa de melhores condições de trabalho e de vida. Desde então, os servidores públicos passam a ter um papel decisivo nos rumos do município da Canabrava. Além de aglutinar os próprios trabalhadores e as trabalhadoras no serviço público, os servidores podem construir alianças com outras forças sociais e políticas e fazer com que as lutas avancem em conjunto. Em especial, os trabalhadores e trabalhadores rurais e os estudantes pobres podem se converter em aliado estratégico.
A outra força, não menos importante, é a estudantil; a razão histórica da sua importância está no seu potencial de organização e reflexão. Considerando que grande parte dela está empobrecida, está numa situação mais próxima dos trabalhadores rurais e dos servidores públicos. Mas é necessário que ela mesma se organize. Aí sim, poderá avançar nos seus objetivos particulares e aliar-se com os camponeses e servidores.
Não se devem menosprezar outras contradições. A existente entre campo e cidade que faz com que pessoas da sede se sintam “superiores” a gente da Boca d’água, do Poço ou da Quixabeira por serem “da cidade”. A racial: negros e mestiços se dividem por serem mais ou menos “pretinhos” e alguns brancos são super-valorizados, além, é claro da valorização da cultura branca – que é vista como universal – e da cultura negra – que é vista como menor, marginalizada, escondida. A de gênero: nossa sociedade é machista e até mesmo algumas mulheres reproduzem o preconceito que coloca no alto de tudo o macho heterosexual. A religiosa: as religiões minoritárias são menosprezadas e seus membros são perseguidos pelas hegemônicas.
A organização da classe trabalhadora do campo e da cidade precisa unir estes três setores – trabalho rural, servidor público, estudante pobre. Aí, poderemos construir uma nova realidade política na Canabrava, mas agora sob uma perspectiva classista que privilegie o povo trabalhador.
É ESSE POVO EM LUTA QUE VAI DAR O RUMO DA POLÍTICA NA CANABRAVA.
de volta com força total.
ResponderExcluirbelo texto,espero que estejam disseminando,semeando em papel impresso,pois alacançariam maior público.
um texto desse em mãos de alunos do manoel levi por exemplo,com certeza chegaria com mais facilidade aos moradores dos povoados(como os que foram citados no texto)que ainda não tem tanto acesso a internet,e quando a tem,até por falta de informação não fazem um bom uso.
desse modo talvez,teriamos mais "POVO EM LUTA",mais "POVO UNIDO".e quem sabe assim, rumariamos para uma nova "CONSCIÊNCIA POLÍTICA",mudando para melhor a história de nossa terrinha tão querida.
abraço a todos e muita força nessa jornada.
INTÉ!!!
A previsão é de sair um jornal impresso no mês que vem com um balanço da política local e com as perspectivas para o ano eleitoral de 2012 com a posição daqueles que não se venderam e não se rebaixaram a uma forma de governar que diz que todos os gatos são pardos e que é preciso tolerar corrupção, dar pão e circo aos pobres e evitar que eles se organizem e desejem tomar o poder...
ResponderExcluireu sou daqueles que acham que enquanto os trabalhadores não tomarem o poder na marra, nada vai pra frente... vai ser tudo esse mesmo forró de disco ralado..
pois é,acho que momento é bom pra surgir algo novo,sabemos que o povo esta insatisfeito com a oposição e situação.tem uma lacuna entre os dois grupos que deve ser preenchida.
ResponderExcluirmas voltando ao texto,se forem mandar o jornal pra CEU,e tiver um exemplrar sobrando,por favor envie pra mim.ainda tenho o "critica da caatinga"guardado,gostaria de somar este outro com alguns que já tenho.mas se não tiver eu faço uma copia.
INTÉ!!
Pois é, camarada. Está quase tudo certo para uma edição em setembro. Pode enviar sua contribuição para o e-mail do mvive, aindaga.espacolivre@gmail.com... será uma edição modesta e faremos o possível para que ela chegue na Ceu para os residentes e uibaienses que residem em Salvador. Abraço
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