17 de ago. de 2011

Movimento estudantil e o momento histórico


Silêncio absoluto é a última lei a imperar no movimento estudantil de Uibaí. Todos calados e imóveis. Então não há movimento estudantil promovido por uibaienses nos tempos atuais. Hoje há casas de estudantes de Uibaí em Salvador, Brasília, Feira de Santana, Barreiras e Jacobina, além de tantos outros estudantes residindo em diversas cidades Brasil afora, sem falar naqueles que fazem curso preparatório para o vestibular aqui mesmo em Uibaí. Embora estejamos na era da comunicação, ferramenta facilitadora para a organização destes movimentos, parece não haver discussão entre estes estudantes capaz de fazer seus interesses convergirem para o desenvolvimento de ações concretas.

Noutro momento de nossa historia o papel de organizar estas ações cabiam à AEUSU (Associação dos Estudantes Universitários e Secundaristas de Uibaí), desativada há quase dois anos mesmo depois de algumas ações terem sido executadas na tentativa de ressuscitá-la. AEUSU era uma extensão da CEU de Salvador, foi criada para dar suporte à mesma quando ela era a única casa de estudantes de Uibaí fora do município. Hoje a realidade é outra drasticamente diferente e AEUSU ficou completamente ultrapassada, pois seus estatutos estão defasados e a entidade permaneceu estática no tempo, tornando-se incapaz de fazer frente a problemática da política estudantil no contexto atual.

No último suspiro do movimento estudantil observado por aqui, em meados de 2010, falava-se de reformular a AEUSU transferindo sua sede para Uibaí ou até mesmo criar-se uma nova entidade organizativa adequada à realidade atual. Mas, outra vez, o movimento adormeceu e agora repousa em silêncio. Resta perguntar: por quê as coisas não funcionam? Por quê nada acontece? Qual o motivo de as lutas não estarem sendo travados? Por qual motivo, nunca, talvez, o movimento estudantil de Uibaí esteve tão desacreditado na sua história?

Desinteresse pode ser uma palavra. Mas, poderíamos perguntar: nos momentos em que a luta estudantil aconteceu havia, misteriosamente, multidões de estudantes interessados? Quando, todavia, não aconteceu movimento estudantil, todos estavam “desmotivados” ou “desinteressados”? Acreditamos que não.

Trata-se de um problema organizativo. Nunca houve tantos estudantes universitários de Uibaí espalhados em tantas cidades e ainda não foi formado um instrumento organizativo de luta para essa nova situação.

A ironia é que as condições nunca foram tão propícias para a atuação do movimento estudantil. Hoje o poder constituído de Uibaí está fortemente representado por indivíduos oriundos do movimento estudantil. O chefe do poder executivo foi um dos fundadores da primeira CEU (Casa de Estudante de Uibaí). Três dos vereadores foram residentes da CEU de Salvador e atuaram no movimento estudantil nas décadas de 70, 80 e 90. Conhecem profundamente os problemas dos estudantes carentes que buscam apoio para seus estudos nas residências estudantis e devem muito aos movimentos de luta pelos interesses da classe estudantil, ainda mais se considerarmos que houve uma luta histórica para conduzir ao poder representantes que conhecessem bem os problemas dos estudantes carentes. Outro instrumento importantíssimo a favor dos estudantes é a lei de assistência estudantil, fruto de uma luta de décadas, que, fazendo-se cumprir poderá se tornar uma poderosa arma para luta estudantil.

Muitos profissionais do nosso município não teriam alcançado sua formação se não fosse pelo apoio das casas de estudantes, assim como tantos outros residindo hoje nas CEUs não teriam a menor possibilidade de prosseguir com seus cursos sem o suporte destas.

Então tá mais do que na hora dos estudantes, sobretudo os que dependem de políticas de assistência estudantil para ter acesso à educação, acordarem para a realidade, aproveitarem o momento mais que oportuno para atuarem, se organizarem para fazer renascer o movimento estudantil de Uibaí.

4 comentários:

  1. lá vem eu dinovo!!
    karo Flavius penso eu aqui com meus botoes,que o problema de hoje,com todas as condições propícias pra engrossar a luta estudantil seja em parte a falta de organização.más no que toca a ex-residentes que dependeram da CEU e das lutas estudantis em décadas anteriores,acredito eu que depois de seus objetivos alcançados,deixaram de pensar e agir como antes.militantes que se tornam empresários,doutores,etc.nem sempre trazem consigo,as ideias nobres que outrora abitaram suas mentes.muitos que empunharam uma bandeira com gravura de Che,hoje são capitalistas ferrenhos.temos muitos exemplos disso.
    acho que nunca mais poderemos contar com esforços partindo desses ai.más devemos cuidar para que esse problema de hoje,não esteja presente nos formandos de amanhã.que quem se apoiou na(s) CEUs hoje,não virem as costas no futuro.
    vamo lá galera...ACORDE,LEVANTE E LUTE!!O FUTURO É AGORA!!!

    INTÉ!!!

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  2. certamente, camarada... infelizmente, não falta exemplo de gente que é incendiário quando estudante e bombeiro quando entra no mercado de trabalho... antes, quem não tinha com o que forrar o estomago, mas lutava pelos direitos coletivos, hoje enche os bolsos, mas tem vazio o coração e a mente... acham que aquelas coisa de jovem eram só sonho... o maior problema é que os que estão com o estomago vazio encheram a cabeça que já são elite - nem que seja intelectual - e se comportam como tal. não querem protestar, preferem sentar e falar o quanto são o máximo, ao invés de arregaçar as mangas e trabalhar para mudar a realidade.

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  3. eu adoraria engrossar as camadas na luta por dias melhores,ai junto com vocês.más no momento,devido a minha distância,não posso fazer muito além de acompanhar por esse blog(de valor indescritivél).
    mas enquanto não chego por ai,se ouver algo que possa fazer,pode contar comigo.
    abraço.
    INTÉ!!!!

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  4. acho que foi o poeta Tiago de Melo que disse que "a pior dor do mundo sempre foi e sempre será não poder dar amor a quem se ama". querer lutar por sua terra e não estar nela é brabo, mas manter o desejo de lutar vivo é fundamental para que, quem está no olho do furacão, não perca a fé.

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