2 de mar. de 2011

Por uma política agrícola municipal


Uibaí é um município agrário: nasceu, creceu e existe em função do trabalho na terra. Curiosamente, quando se fala em política municipal, se esquece disso. Agricultura: coisa nobre, dizem os políticos. Pronto. Nada mais.

A economia regional, embora tenha desenvolvido um poderoso setor de serviços, é essencialmente agrária.Isso deveria ser motivo para a existência de uma séria política agrícola. Das áreas da educação e da saúde pode-se dizer que as coisas não vão bem, mas que há uma tentativa de se fazer alguma coisa, ainda que haja erros e coisas do gênero, mas na agricultura a coisa não anda nada, absolutamente nada.

A Secretaria de Educação do município compra produtos das mãos de agricultores familiares para colocar na merenda escolar; a Secretaria de Obras e Infra-Estrutura faz uma estrada ligando o povoado da Quixabeira ao povoado do Caldeirão, bem assim, faz uma estrada na serra para escoar a produção dos trabalhadores das roças da serra e tenta reformar outras estradas. O beneficiamento do leite e a introdução do queijo na merenda escolar são iniciativas importantes. Dentro da Ação Social, ocorrem capacitações para beneficiamento de produtos locais e estímulo ao cooperativismo. Então, até agora, apenas estas três ações ligadas à agricultura podem ser apontadas, e na realidade nenhuma dessas ações pode ser atribuída à Secretaria de Agricultura ou à tentativa do poder público municipal de construir uma política pública de agricultura.

Infelizmente, a nossa querida Uibaí padece de política agrícola: não há política de assistência técnica rural, não há política de financiamento agrícola, nem de escoamento, comercialização e distribuição da produção, não há política de controle de preços e de segurança alimentar, nemnão há política de beneficiamento e agregação de valor à produção agrícola, nem política de fortalecimento da agricultura familiar e de revitalização dos recursos hídricos. Em agricultura, não há nada a nível municipal, senão a atuação desorganizada e sem planejamento da administração municipal. Ações isoladas, sem um norte. É preciso generalizar o que é interessante. política municipal de distribuição de sementes e manutenção da diversidade genética,

Muito se tem dito sobre a estrada da serra. Em especial, que foi uma ação do poder público em atenção à demanda histórica desse segmento de trabalhadores do município que, historicamente, sempre foi excluído. Motivação eleitoreira: obra feita às pressas na véspera da eleição para deputado, com o trabalho dos serranos e apoio da prefeitura. De fato, os trabalhadores e as trabalhadoras da serra merecem atenção e respeito. Portanto, merecem uma política pública agrícola que dê das necessidades de todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais deste município. Mas o que se vê é uma obra solta e perdida, que busca preencher o vazio da falta de política agrícola.

É preciso defender que a Secretaria de Agricultura não seja um prêmio de consolação para um aliado que é visto como adversário interno no governo. É preciso defender que essas ações isoladas que beneficiam camponeses aqui e acolá estejam integrados num projeto de médio prazo que atenda a todo o município. É preciso que haja um corpo técnico municipal composto de servidores – técnicos agrícolas, zootécnicos, agrônomos, veterinários, etc. – para que o município possa oferecer assistência técnica. É preciso pesquisar as potencialidades econômicas da nossa região e as fragilidades do bioma catinga de modo a preservá-lo para que se possa extrair a subsistência durante o futuro. É preciso escolher um secretário de agricultura que tenha legitimidade junto aos trabalhadores rurais.

Defendemos:

ü Escolha democrática e coerente do secretário de agricultura;

ü Concurso para corpo de assistência técnica agrária no município;

ü Generalização de ações interessantes como o beneficiamento da produção local e estímulo e capacitação para cooperativismo e associativismo;

Criação de um projeto agrário para o município com participação popular.

3 comentários:

  1. Realmente,a agricultura uibaiense vive somete,da "enchada gasta" nas maos do lavrador.
    Seria de bom grado,uma eqiupe como citou,pra termos mais atênção voltada aos agricultores.
    cmo também,pela questão da proteção do bioma,que seria uma forma de preservar a agricultura de subsistência.
    como seria mesmo a criação desse projeto agrário municípal?
    voces que discutiram essa idéia,teriam algum nome pra secretário,ou coisa parecida?

    Desde já,acredito que seja uma ótima idéia,
    duro vai ser conquistar a gestão do município.

    INTÉ!!

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  2. Rapaz, tenho pensado bastante sobre isso. Infelizmente, nossa região não gerou ao longo de sua história uma agricultura camponesa (de subsistência e venda de alguns produtos) que fosse também agroecologica. Nossos agricultores pobres ainda não desenvolveram técnicas de preservação do solo como rotação de culturas e preservação de matas e espécies, a não ser em raras exceções. Precisamos de uma coisa (um instituto, uma roça experimental, um grupo de pesquisa e trabalho) para criar essas coisas. Novas técnicas. E também precisamos aproveitar o nosso potencial: porque não produzimos mais borracha?
    Como superarmos a "enchada gasta"? como diz muito bem nosso amigo acima.
    Aguardo contribuições!

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  3. pois hé grande flavius,penso eu
    que ja foi dado o ponta pé inicial.
    sabendo que hoje,ao menos ja temos pessoas como
    vc que se preocupam com os menos favorecidos.sabido que em toda historia de nossa terrinha,o objetivo da maioria sempre foi o proprio interresse e a qualquer custo,se especialisando em enganação,enrolação,etc.

    um dia espero tb poder contribuir nessa batalha.
    grande abraço e sucesso!!

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